
Costumava pegar aquele mesmo ô
nibus a quatro anos . Nunca fui muito de conhecer gente nova , só queria chegar o quanto antes no colégio . Talvez até fosse pela minha falta de comunicação que tudo custava mais para passar . Quando tudo lá fora passava
desfocadamente pelos meus olhos , ficava pensando se a minha vida também não estava passando rápido demais , se era só aqui dentro que tudo passava tão devagar , se era apenas o meu mundo . Mesmo ô
nibus , mesmas pessoas , mesmos bancos ocupados com estilos de vida iguais . Era assim que eu me sentia , naquela
mesmice de sempre . Uma mania que sempre tive era de ficar imaginando como é a vida de cada um , e se há alguém que pense como eu . As vezes me sentia como se fosse a esquisita , a ante social , aquela que não se mistura nem pra dar bom dia . Na verdade eu sou assim . Um pouco esquisita , um pouco estranha , um pouco fechada . Só falo com quem eu conheço , dou bom dia quando achar que é necessário , sorrio quando merecer .
Naquela mesma parada , esperando pelo ô
nibus de sempre . Abaixo os olhos levemente em sinal de olá , para meus companheiros de viagem que insistem em esperar um bom dia-boa tarde de mim . Mas depois de algum tempo eles se acostumam . Degrau por degrau , o ô
nibus me espera . As pessoas me esperam . Meu lugar está lá . Casas , árvores , carros , motos , pessoas e crianças esperando atravessar a faixa de segurança . Continuo lá , no meu banco esperando minha vez de desembarcar para a rotina . Meus pensamentos . Minhas
idiotices de imaginar uma história pra cada coisa , uma para cada piscar de olhos ao meu redor . Chegou minha vez agora . Degrau por degrau . Mais um dia igual . Eu nem me importo mais com a monotonia dos dias que começam num ô
nibus e , terminam nele . Talvez porque eu saiba que , em algum dia desses , vou estar em outra parada , em outro ô
nibus , esperando por uma nova história e quem sabe , por novas pessoas .
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