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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Essa gente


As pessoas acabam exagerando em tudo . E quando alguém bate o dedo mindinho na ponta do móvel já é motivo - pra quem pergunta o porquê de tanta irritação - de logo responder com um conjunto de palavras generalizadas : "hoje deu tudo errado" .

Sempre vai ter alguém achando que tem um problema bem maior do que do outro , assim como sempre haverá o egoísmo . É gente que se inferioriza , e assim continuará achando que a dor no mindinho é bem maior que a de uma mãe que acaba de perder o filho . Há tantos problemas no mundo : É gente passando fome desde sempre , e morrendo por isso . Crianças sem família , e quando educadas - muitas vezes entra aquela parte do egoísmo alí de cima -  e então tornam-se essas pessoas que só sabem reclamar de barriga cheia . É gente que tem comida na mesa versus quem passa fome , é gente que tem um teto pra morar versus moradores de rua , gente que surta porque o vaso de flores quebrou versus quem só tem as flores , quem reclama que dorme em um colchão duro versus quem dorme no chão , quem não tem o tênis da moda versus quem anda de pés descalços , é gente que fica duas horas no banho versus quem daria tudo por pelo menos dois minutos , gente que passa o dia inteiro de cara fechada porque não conseguiu o que queria versus quem sorri até mesmo quando ganha uma esmola . E agora,quem você acha que reclama ?

Passei a acreditar mais no : "Obrigada , Deus te pague" de um morador de rua sentado em uma calçada após receber uma moeda , no que um : "Obrigada querida(o)" de uma pessoa á quem eu vá dar um presente  de aniversário . E é isso que falta : Humildade , que muitos só tem quando realmente passam necessidade e sentem na pele o que é sofrer , o que é ter um dia de cão depois de chegar em casa - e quando se tem uma - e   não ter nem moedas para servir de jantar . As pessoas gostam de reclamar & reclamar , parece que assim elas se sentem melhor . E só esquecem de simplesmente serem felizes com o que tem .

5:15 A.M.


É hora de descanso.Shhhh . Dorme minha filha . Você tem que dormir , o dia amanhã lhe aguarda . Tira os fones de ouvido e recoste-se que o sono vem !

Mas nem sempre era assim . Muito menos tão fácil como parece . É costume , rotina . São os minutos - talvez horas - que preciso para organizar tudo que devo fazer durante o resto do dia, mesmo que me custe uma boa noite de sono , é o jeito que encontrei para me fazer melhor , mais atenta ao que possa vir , e quando vir . É esse descansar longo de olhos no comecinho da manhã,que consegue controlar a minha vontade de adormecê-los por poucos minutos para evitar um começo de discussão com um colega de serviço , e qualquer outro desentendimento que venha ocorrer.

Pego um edredom na pilha em cima da cadeira e conforto-me no chão ao lado da cama , e descanso a cabeça , os olhos , a mente e a alma . Assim que tudo é planejado e muito bem pensado , faço questão de desligar-me por alguns minutos, antes que eu tenha que voltar a realidade . O tempo às vezes passa rápido demais , e é quando pelas frestas dos olhos , sinto a luz do dia queimar e me avisar : Já passou das 5:15 A.M. , não é mais hora de dormir . 

sábado, 15 de setembro de 2012

Namore uma garota que lê



Namore uma garota que gasta seu dinheiro em livros, em vez de roupas. Ela também tem problemas com o espaço do armário, mas é só porque tem livros demais. Namore uma garota que tem uma lista de livros que quer ler e que possui seu cartão de biblioteca desde os doze anos.
Encontre uma garota que lê. Você sabe que ela lê porque ela sempre vai ter um livro não lido na bolsa. Ela é aquela que olha amorosamente para as prateleiras da livraria, a única que surta (ainda que em silêncio) quando encontra o livro que quer. Você está vendo uma garota estranha cheirar as páginas de um livro antigo em um sebo? Essa é a leitora. Nunca resiste a cheirar as páginas, especialmente quando ficaram amarelas.
Ela é a garota que lê enquanto espera em um Café na rua. Se você espiar sua xícara, verá que a espuma do leite ainda flutua por sobre a bebida, porque ela está absorta. Perdida em um mundo criador pelo autor. Sente-se. Se quiser ela pode vê-lo de relance, porque a maior parte das garotas que leem não gostam de ser interrompidas. Pergunte se ela está gostando do livro.
Compre para ela outra xícara de café
Diga o que realmente pensa sobre Murakami. Descubra se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entenda que, se ela diz que compreendeu o Ulisses de James Joyce, é só para parecer inteligente. Pergunte se ela gosta ou gostaria de ser a Alice.
É fácil namorar uma garota que lê. Ofereça livros no aniversário dela, no Natal e em comemorações de namoro. Ofereça o dom das palavras na poesia, na música. Ofereça Neruda, Sexton Pound, cummings. Deixe que ela saiba que você entende que as palavras são amor. Entenda que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade mas, juro por Deus, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco como seu livro favorito. E se ela conseguir não será por sua causa.
É que ela tem que arriscar, de alguma forma.
Minta. Se ela compreender sintaxe, vai perceber a sua necessidade de mentir. Por trás das palavras existem outras coisas: motivação, valor, nuance, diálogo. E isto nunca será o fim do mundo
Trate de desiludi-la. Porque uma garota que lê sabe que o fracasso leva sempre ao clímax. Essas garotas sabem que todas as coisas chegam ao fim. E que sempre se pode escrever uma continuação. E que você pode começar outra vez e de novo, e continuar a ser o herói. E que na vida é preciso haver um vilão ou dois.
Por que ter medo de tudo o que você não é? As garotas que leem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem. Exceto as da série Crepúsculo.
Se você encontrar uma garota que leia, é melhor mantê-la por perto. Quando encontrá-la acordada às duas da manhã, chorando e apertando um livro contra o peito, prepare uma xícara de chá e abrace-a. Você pode perdê-la por um par de horas, mas ela sempre vai voltar para você. E falará como se as personagens do livro fossem reais – até porque, durante algum tempo, são mesmo.
Você tem de se declarar a ela em um balão de ar quente. Ou durante um show de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Ou pelo Skype.
Você vai sorrir tanto que acabará por se perguntar por que é que o seu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Vocês escreverão a história das suas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos mais estranhos ainda. Ela vai apresentar os seus filhos ao Gato do Chapéu [Cat in the Hat] e a Aslam, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos de suas velhices, e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto você sacode a neve das botas.
Namore uma garota que lê porque você merece. Merece uma garota que pode te dar a vida mais colorida que você puder imaginar. Se você só puder oferecer-lhe monotonia, horas requentadas e propostas meia-boca, então estará melhor sozinho. Mas se quiser o mundo, e outros mundos além, namore uma garota que lê.
Ou, melhor ainda, namore uma garota que escreve.

[livro]

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

"E SE"


E se fossemos perfeitos,não teríamos mais nada para fazer aqui. E se fossemos bons o suficiente,por que teríamos que cair inúmeras vezes para aprender ? E se soubéssemos do futuro, faria sentido ficar no presente? E se quiséssemos ser eternos , a vida ainda faria sentido ? E se achássemos que é bem melhor viver só , o que o resto do mundo estaria fazendo aqui ? E se as vezes não fossemos egoístas, aprenderíamos a dividir ? E se não chorássemos de tristeza , saberíamos o que é ser feliz ? E se atravessássemos paredes, movêssemos montanhas, transformasse pobreza em riqueza , maldade em bondade , acabássemos com todo o lixo que há no mundo , da política , das armas , drogas , pessoas normais que passam por ti na rua , pegam o mesmo ônibus ou estão na mesma família e até mesmo na roda de amigos - espíritos que estão aqui para evoluir - e questionando . Espíritos em fase de evolução que estão na Terra para transformar o seu caminho . E Para isso , um corpo . De carne & osso . Esse é o caminho da evolução , tem que viver para ser . E se não fossemos ? E se , E se , E se .

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Irmandade em espírito


Á todo momento eram calafrios e sensações de estar sendo vigiada . De cinco em cinco minutos, parava-me aonde estivesse e fazia o sinal da cruz repetidas vezes para que os calafrios deixassem meu corpo. E com uma breve oração,pedia a quem quer que estivesse ali comigo marcando sua presença em minhas sensações, que pelo menos não ficasse contra mim . Pelo amor de Deus!

Desde nova tenho um problema que atordoa a mim e aos meus pais. Principalmente aos meus pais,já que são eles que sempre saem correndo atrás de mim quando tenho surtos de sonambulismo.Mas em um aspecto essa rotina noturna era diferente ,quem sempre guiava-me até a cama de volta , era minha irmã mais velha,com quem dividia o quarto. Mas era só pra isso que ela me tocava ,e seu único gesto era aconselhar-me a voltar para cama,antes que eu pegasse uma friagem por estar de pés descalços. E eu sentia suas mãos em meus ombros . Hoje posso dizer que aquele simples toque dava-me toda a segurança do mundo. O porquê eu não sei , mas dava . Amanhecia e ela continuava fria , parecendo uma zumbi, com pensamento distante e quase imóvel. Durante o dia fazia de conta de que o nosso quarto, era somente o dela e trancava-se lá até que a janta ficasse pronta.Assim que satisfeita,retirava-se da mesa como se estivesse fazendo um favor a todos,alimentando-se e marcando sua presença na ultima ceia do dia.Todos naquela casa,inclusive eu- mesmo não fazendo ideia do que se passava na cabeça dura de minha irmã - sabíamos que havia algo errado, mesmo que pelas conversas de meus pais eu soubesse que ela é assim desde que nasceu, estranha e quieta , em que até seus olhos eram imóveis e o choro durante o parto nem foi ouvido. Mamãe diz que foi a falta daquele choro que causou este estrago, e papai completa dizendo que os tapinhas não foram suficientes.

Eu sempre soube que minha irmã era diferente de tantas outras que vejo levando suas irmãs caçulas até o parque da rua , desde o dia que mamãe a indiciou de levar-me até lá , com cara feia ,ela se viu sem escolha e foi caminhando lentamente atrás de mim , como se eu que estivesse a levando até lá . Foi assim que aprendi com minhas próprias mãos e meu embalo do corpo a subir naquele balanço tão alto e dar impulsos que quase nem davam velocidade para a diversão. Ela estava lá no banco a minha frente só a me observar,com olhos vidrados como de costume. Enquanto tentava descer do balanço,acabei escorregando e batendo de cabeça em um ferro que estava por perto.E ela viu tudo e não fez nada. Eu desmaiei com a pancada , e quando acordei ela não estava mais lá. Eu não poderia deixar minha irmã por ai , eu não tinha ideia de onde ela poderia ter ido. E mesmo sabendo o caminho de casa , eu estava completamente perdida. Resolvi dar uma volta pelo parque. Ela não poderia estar muito longe.Mesmo com a cabeça latejando,dei voltas e voltas, e os únicos que eu via passar por mim eram homens feios e altos,com longas e serradas barbas, que me encaravam como se eu estivesse perdida. Mal sabem eles. Um daqueles caras,notei que já havia o visto umas quatro vezes passar por mim, e na quinta, eu já estava completamente perdida nas mãos daquele.Com a pancada eu me encontrava lenta, e cada vez mais sem forças para debater-me. E apaguei novamente.

Não tinha noção de quantas horas tinham se passado ou,naquela altura , até mesmo dias .Eu era criança, e bem avisada dos perigos de andar sozinha pelas ruas do bairro, mas naquele dia estranho,com minha irmã estranha ,mais perdida do que eu, os avisos dos meus pais nem sequer existiram.Quando dei por mim, eu estava em casa,rodeada por policiais e minha mãe e meu pai ao meu lado , não sabia qual dos dois chorava mais. Sem saber do motivo concreto de todas aquelas lágrimas, fiquei um tempo observando tudo que fazia movimento.  Estávamos no jardim de casa, e a cada cena as coisas ficavam mais complexas em minha mente ainda atordoada por aquele ferro que apareceu na minha frente que nem sequer me deu tempo de agir , e pelo desaparecimento da minha irmã que ainda não me conformo. Mas depois de tudo isso ainda vem a parte mais tensa e agoniante,o homem com a barba longa . Afoguei-me naquela imensa barba e fiquei inconsciente. Péssima hora para apagar ! Mas agora relembrando os fatos...o que aconteceu no principio eu bem lembro,o meio, bom , esse eu perdi , agora só resta saber se esse vai ser o fim.

Do jardim fui carregada a ambulância , que á frente , encontrava-se um carro sinistro , escuro e com um silêncio intenso e perturbador. Fecharam-se as portas do carro que causava medo, em que eu estava , junto a mim , mamãe , aflita . Nem chorar ela conseguia . Fechei os olhos pedindo pra que quando os abrisse , tudo aquilo fosse só mais um daqueles pesadelos que eu tinha todas as noites e que levantava-me inconsciente, só que dessa vez, quero estar bem atenta ao que estivesse acontecendo,pelo menos dessa vez, Senhor! Já estava no hospital , dessa vez sozinha . E sentia minha audição abandonar-me lentamente. Eu estava só , num quarto branco , sem nem ao menos falar e escutar minha voz ou qualquer outro barulho que possa ter aparecido. Comecei a rezar internamente , como papai havia me ensinado .

Amanhecia e anoitecia , durante anos foi assim dentro daquele hospital ,onde ninguém tinha ido me ver e nem me buscar.Eu crescia lá dentro, sem saber notícia de nada . Meus pais me esqueceram e minha irmã ainda continuara desaparecida? E com esses tantos anos esquecida naquele lugar, eu também já havia esquecido da utilidade dos meus ouvidos . Onde a unica coisa em que eu fazia era sair vagando pelos corredores . Haviam muitas crianças , e nenhuma parecia tão assustada quanto eu , mesmo já acostumada com a minha atual realidade. E foi aos poucos , e sozinha , que acabei descobrindo em que o hospital não se tratava somente de um hospital , e sim de um orfanato . Só fui saber disso quando vi duas mulheres uniformizadas conversando , e claro , com ajuda da leitura labial . Falavam da tragédia que acontecera há quatro anos atrás, que por coincidência tratava-se daquele meio da história que eu perdi . Comentavam como se ainda ninguém naquela cidade pequena tivesse superado . "A mãe havia enlouquecido e estava sendo medicada sob uma quantidade fortíssima de remédios para depressão , e o pai havia abandonado a louca ,  a filha caçula no orfanato,surda, com o tiro na cabeça que levou a mais velha , assassinada  pelo sequestrador da irmã . Família de loucos ! " Não tinha mais dúvida,aquela era a minha família , de loucos . Voltei ao quarto de onde nunca deveria ter saído e de onde minha curiosidade de lá também não deveria.

A todo momento eram calafrios e sensações de estar sendo vigiada . Eu acordei em um cemitério . Lembro de ter passado por ele no caminho até o parque ,só não lembrava de ter ficado tão aterrorizada quando o vi ,a ponto de ter vindo até aqui e agora e despertado o sonambulismo que há anos me deixou, sem saber o porquê e como de ter vindo . E as sensações de estar sendo vigiada ficavam cada vez mais forte . Eu não sei se aqueles vultos eram frutos da minha imaginação , se eu estava ficando louca como minha mãe , ou se realmente estava vendo espíritos de tantas covas que tem por aqui . É estranho -assim como minha irmã- sentir as mãos dela sobre meus ombros , sem pronunciar sequer uma palavra , mesmo sabendo que ela não estava ali me guiando em carne e osso , eu a tinha em alma e espírito , me levando em direção a saída . E como tantas vezes , ela aconselhou-me em poucas palavras : vá pra cama , senão vai pegar um resfriado .

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

[...] Eis a questão


Uma lata de refrigerante em uma das mãos e na outra uma tarde de verão , tocando a areia . Zilhões de flocos dela e pessoas que desconheço que um dia as tocaram do mesmo jeito que agora as toco . É engraçado pensar que assim como eu , há gente que se importa e tem aquela curiosidade de saber da história de um grão de areia . As vezes até me acho estranha por isso . E eu sou estranha . E muitos deveriam ser também , talvez seja isso que falte nas pessoas . Uma estranheza boa , saudável . Que agora que já classifico como sinônimo de curiosidade , esbanjo essa minha qualidade por aí , a cada canto que vou  sempre há um detalhe que ninguém enxerga ou passa reto , despercebido.  Com a falta de querer mais do que aquilo oferece .

Curiosidade de dever , de saber um pouco sobre tudo que me rodeia , e questionar-me um pouco , de vez em quando , pra falar a verdade , sempre . E assim que peguei meu refrigerante da bolsa , questionei-me sobre quantas mãos passaram sobre ele antes de eu o tocar . Antes de eu abrir esse sorriso prazeroso de satisfação por estar simplesmente me sentindo completa nesse momento , olhando o mar e já questionando-me sobre as ondas - mas aí é outra história - vamos lá refrigerante , por que me trouxeste tanta alegria ? Será que as pessoas que o fizeram vir até aqui estavam felizes tanto quanto eu ? Será que colocaram sorrisos e serenidade dentro dele também ? Essas pessoas gostam do que fazem ? - São coisas que não terei uma resposta , mas contento-me em saber que foi feito , e muito bem feito . Volto a olhar as ondas e dessa vez não o interrogo , e deixo o mar falar por si . Mas eu não seria eu se deixasse isso passar : A natureza é perfeita ! nada mais a declarar .

Por ser tão questionada aprendi a questionar também , e vi que não há nada de errado nisso . E que tudo tem um porquê todos sabemos , mas quase ninguém se interessa em aprofundar este porquê tão esquecido entre a humanidade . Pra que ficar retrucando quando aquilo que te dizem é o certo ,ou pelo menos dizem que é? Mas por que é o certo ? Ah , isso ninguém quer saber . Só aceitam . Sociedade alienada . Ninguém nunca ousou me perguntar porque sou tão rígida em relação a mínimos detalhes, só costumam me chamar de louca , louca e louca . E eu não devo e não posso me acostumar com essas atitudes , são inaceitáveis .

Costumo ficar aqui sentada na areia, pensando sobre ela ,ao mesmo tempo que observo o mar e analiso as pessoas que passam . Algumas tristes querendo disfarçar , já outras que não conseguem e também aquelas que nem querem . Gostam de mostrar para o mundo que estão sofrendo . Gente que aparentemente esbanja felicidade . Gente séria , ou só é a cara mesmo . E gente que vem aqui fazer o mesmo que eu . Falando nela ! - Eai tudo bem contigo ? demorou pra chegar . Eu já ia questionar sobre a nossa amizade . Sentá aí , tem lugar pra mais uma . Quer falar sobre o que ?  

quarta-feira, 16 de maio de 2012

escravos da saudade

 
Tô querendo amá-lo hoje . Não que eu o despreze o resto dos dias , mas é que hoje eu acordei com a saudade apertando o peito , sufocando até a alma . É a danada da saudade, que bate de uma hora pra outra até mesmo quando estou diante dos olhos amados que brilham na direção - da saudade - do te quero de novo mesmo sem ter ido embora - então fique , mesmo quando já tenha ido . 

Já quis ter saudade para o resto da vida , tanto de coisas que hoje , insignificantes quanto de pessoas , e são essas que mais me orgulhava de sentir saudade . Agora explica tudo . Eu tinha medo era de não sentir falta , permitir que aquele ''vazio'' fosse se fechando e eu não precisasse mais daquela pessoa pra nada , nem pra matar a famosa saudade . Não ter mais o que matar era o mais preocupante . Então desculpa mas não era amor , não era paixão , não era carinho . Era só vontade de sentir falta , e precisar disso pra continuar amando , ou achando que é amor . 

Quando menor ouvia dizer dos adultos que a distancia também era a melhor coisa para o relacionamento , assim que viam-se novamente era muito mais fácil de incendiar - e que aquele ''grude'' todo nunca iria acabar bem - , eles poderiam até ter razão . Eram escravos da saudade . Pessoas assim não duram muito não , acabam secas e vazias , tostadas pelas chamas que provocaram completamente forçadas pela aquela distancia que aparentemente seria melhor para o relacionamento , não para ambos . Ficam por um bom tempo sem saber o que é essa saudade que todo mundo fala que é horrível e te consome por dentro, até ouvir novamente a voz que tanto faltava para o dia melhorar completamente . 

Um ano e um mês . E essa saudade tá sempre crescendo . Hoje eu digo que sou a saudade em pessoa , a falta daquele sorriso 24 horas , a necessidade dos conselhos e da voz que nela soam , tenho saudade de tudo , tudo mesmo . Um ano e um mês parece ser tão pouco ,  realmente é . Mas agora , daqui a pouco , serão dez , vinte , trinta anos , e eu estarei pelos cantos da nossa casa , ou onde quer que eu esteja lamentando-me da terrível saudade que me deixaste , e depois do dia longo de serviço abraçarei o quanto meus braços fracos destruídos pelo tempo , aguentarem . Como eu posso ter certeza disto ? Nunca precisei ser escrava da saudade . 




sexta-feira, 30 de março de 2012

O amor chega em uma hora

Só lembro que joguei meu celular em cima do sofá fofo , e rezei para que não caísse no chão . Sei lá se caiu ou não , não deu tempo de olhar para trás , eu estava nervosa e com pressa , ansiosa em direção a porta , estava com a saudade no peito . Ele tá chegando ! Há duas horas atrás nos falávamos do aeroporto , e ele parecia que já havia esquecido de como é que se faz aquela voz de que tanto gosto de ouvir , aquela que falava sussurrando , tudo que eu gostava de escutar .

Ganhamos créditos por tão pouco tempo ao telefone . Talvez seja melhor não esquentar com isso , ele tá cansado . Pensei coçando os olhos pra não chorar . Talvez eu seja boba demais, paranoica demais , cansada de tanta saudade , demais . Tudo tornou-se "demais" desde sua partida . Até meus ataques de ciúmes . Tô começando a achar que ele se perdeu pelo caminho de casa , ou nem sequer cruzou-o . O amor chegaria em uma hora , e eu ainda aqui , nervosa e ansiosa pra tirar essa saudade de mim , livrar-me de vez . Daí ele tocaria a campainha e sem pensar duas vezes pularia para cima e atiraria-o no sofá fofo , rezando para que caíssemos no chão e rolássemos de felicidade , de amor , de querer . Meu amor , prometo que quando chegar não deixarei partir novamente , e mordiscarei-o até aceitar meus pedidos de desculpas por ter o deixado .

Abro a janela de casa e tem um carro que passa lá longe, enquanto eu tento abrir os olhos e encarar esse dia em que você chega. Esse carro não sabe, mas foram mil anos abrindo os olhos e ouvindo carros e ouvindo ruas e não ouvindo a sua voz. E agora a sua voz existe e você chega em uma hora. Eu não consigo comer de tanto medo que eu estou sentindo. Eu quase desmaiei agora de manhã, porque pra piorar está calor. Não lido bem com calor. Não lido bem com a falta de você , com a sua demora , com a saudade . Por mais que eu tente não consigo pensar em outra coisa a não ser que sua demora vai ser demorada por mais umas boas demoras ainda . Não é justo . Atirei-me ao sofá suspirando de raiva e fiquei um bom tempo encarando o teto .

Foi quando abri os olhos e eu estava atirada no chão . A porta em que eu o esperava estava encostada e eu não lembrava de ter a deixado , assim como não lembrava de ter atirado-me no tapete . Joguei meu braço para o lado e na queda amassei uma folha de papel amarela . " Amor , cheguei e tive que dar uma saída , mas volto em uma hora . Você estava dormindo e não quis acordá-la , dormia tão linda que não quis estragar . Já falei que você fica linda dormindo ? É e fica mesmo , espero poder vê-la assim para o resto dos meus dias quando acordar ao seu lado . Você deve estar se perguntando por onde ando agora , não é mesmo ? Não se preocupe comigo , estou com você agora . Feche os olhos e descanse " . Ele só pode estar louco - era só o que eu conseguia pensar - deveria ter me acordado , e eu não deveria ter dormido . Faço tudo errado , sempre . Meu amor de uma hora não chegará mais .

"Você nunca faz nada errado , meu amor e eu estou aqui" ele cruzou a porta como eu esperava e só não atirei-o no sofá porque fiquei totalmente paralisada quando o vi carregar consigo , uma aliança . "É pra mim ?" "Pra quem mais seria ?!" "Esperei você por uma hora" "Eu esperei por você minha vida inteira" . Eu caso com você .

E ele , me abraça e me dá outro desenho, é o vilão da minha vida programada. Ele é o tufão de oxigênio que invade meu nariz mas, porque estou com tanto medo, mais parece falta de ar. Agora é menos de uma hora. Preciso terminar esse texto. Mas eu tenho medo, sobretudo, de terminar esse texto. Sobre o que eu vou escrever se você for melhor do que esperar por você?

sexta-feira, 2 de março de 2012

Sorri porque fui forte , fui forte e sorri

Eu canso de falar de sorriso quando eu sei que não há nenhum por perto . Já falei muito . Mas cansei . Como qualquer outro fala da sua rotina corrida , e transito e carros e buzinas e corre e corre - e nem pensa em caminhar - eu canso como qualquer pessoa cansa e sofre por fazer sempre tudo tão igual , e muitas vezes faço coisas sem sentido sem pensar no que virá depois , ou quem virá . Ninguém sabe . esperando por uma coisa boa , que faça sentindo e não me faça perder tempo pensando no que e como fazer , onde socar todo o mal que anda me perseguindo , e nem sei quem o faz e o por que faz . Só sei que as vezes atinge , como a terra é abafada pela água da chuva em grande pressão . E eu que queria uma vez na vida sentir-me abafado , cuidado , tocado . Penso num jeito de fazer essa água ficar mais amena , de um jeito que possa se lidar , e peço que logo fique habilidoso e consiga acalmá-la e fazê-la parar , não machucar e nem pensar em ferir outra vez . Isso dói . Querer com que as coisas fiquem do meu jeito , de um jeito que eu possa mexer na terra e na água , e não sinta a pressão de querer mexer e mudar de lugar , remexer e mexer , como eu quero , como tem que ser . Deveria ser , só por que eu quero ? ou por que tem que ser ?
Consequentemente sinto a pressão de querer mudar e não achar posição para fazer . Achava isso injusto até dias atrás , até encontrar o que realmente faltava na terra . Eu precisava de força , de água fresca e carinho , amor . Alguém que preocupa-se em largar a água com cuidado . Eu era frágil demais , e aprendi a ser forte quando a água veio em grande pressão .



Além do ponto


Chovia, chovia, chovia e eu ia indo por dentro da chuva ao encontro dele, sem guarda-chuva nem
nada, eu sempre perdia todos pelos bares, só levava uma garrafa de conhaque barato apertada contra peito, parece falso dito desse jeito, mas bem assim eu ia pelo meio da chuva, uma garrafa de conhaque na mão e um maço de cigarros molhados no bolso. Teve uma hora que eu podia ter
tomado um táxi, mas não era muito longe, e se eu tomasse o táxi não poderia comprar cigarros nem conhaque, e eu pensei com força então que seria melhor chegar molhado da chuva, porque aí beberíamos o conhaque, fazia frio, nem tanto frio, mais umidade entrando pelo pano das roupas,pela sola fina esburacada dos sapatos, e fumaríamos, beberíamos sem medidas, haveria música,sempre aquelas vozes roucas, aquele sax gemido e o olho dele posto em cima de mim, ducha morna distendendo meus músculos.
Mas chovia ainda, meus olhos ardiam de frio, o nariz começava a escorrer, eu limpava com as costas das mãos e o líquido do nariz endurecia logo sobre os pêlos, eu enfiava as mãos avermelhadas no fundo dos bolsos e ia indo, eu ia indo e pulando as poças d’água com as pernas geladas. Tão geladas as pernas e os braços e a cara que pensei em abrir a garrafa para beber um gole, mas não queria chegar na casa dele meio bêbado, hálito fedendo, não queria que ele pensasse que eu andava bebendo, e eu andava, todo dia um bom pretexto, e fui pensando também que ele ia pensar que eu andava sem dinheiro, chegando a pé naquela chuva toda, e eu andava,estômago dolorido de fome, e eu não queria que ele pensasse que eu andava insone, e eu andava,roxas olheiras, teria que ter cuidado com o lábio inferior ao sorrir, se sorrisse, e quase certamente sim, quando o encontrasse, para que não visse o dente quebrado e pensasse que eu andava relaxando, sem ir ao dentista, e eu andava, e tudo que eu andava fazendo e sendo eu não queria que ele visse nem soubesse, mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo, por dentro da chuva, que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era. Começou a acontecer uma coisa confusa na minha cabeça, essa história de não querer que ele soubesse que eu era eu, encharcado naquela chuva toda que caía, caía, caía e tive vontade de voltar para algum lugar seco e quente, se houvesse, e não lembrava de nenhum, ou parar para sempre ali mesmo naquela esquina cinzenta que eu tentava atravessar sem conseguir, os carros me jogando água e lama ao passar, mas eu não podia, ou podia mas não devia, ou podia mas não queria ou não sabia mais como se parava ou voltava atrás, eu tinha que continuar indo ao encontro dele, que me abriria a porta, o sax gemido ao fundo e quem sabe uma lareira, pinhões, vinho quente com cravo e canela, essas coisas do inverno, e mais ainda, eu precisava deter a vontade de voltar atrás ou ficar parado, pois tem um ponto, eu descobria, em que você perde o comando das próprias pernas, não é bem assim, descoberta tortuosa que o frio e a chuva não me deixavam mastigar direito, eu apenas começava a saber que tem um ponto, e eu dividido querendo ver o depois do ponto e também aquele agradável dele me esperando quente e pronto. Um carro passou mais perto e me molhou inteiro, sairia um rio das minhas roupas se conseguisse torcê-las, então decidi na minha cabeça que depois de abrir a porta ele diria qualquer coisa tipo mas como você está molhado, sem nenhum espanto, porque ele me esperava, ele me chamava, eu só ia indo porque ele me chamava, eu me atrevia, eu ia além daquele ponto de estar parado, agora pelo caminho de árvores sem folhas e a rua interrompida que eu revia daquele jeito estranho de já ter estado lá sem nunca ter, hesitava mas ia indo, no meio da cidade como um invisível fio saindo da cabeça dele até a minha, quem me via assim molhado não via nosso segredo, via apenas um sujeito molhado sem capa nem guarda-chuva, só uma garrafa de conhaque barato apertada contra o peito.
Era a mim que ele chamava, pelo meio da cidade, puxando o fio desde a minha cabeça até a dele, por dentro da chuva, era para mim que ele abriria sua porta, chegando muito perto agora, tão perto que uma quentura me subia para o rosto, como se tivesse bebido o conhaque todo, trocaria minha roupa molhada por outra mais seca e tomaria lentamente minhas mãos entre as suas, acariciando-as devagar para aquecê-las, espantando o roxo da pele fria, começava a escurecer, era cedo ainda, mas ia escurecendo cedo, mais cedo que de costume, e nem era inverno, ele arrumaria uma cama larga com muitos cobertores, e foi então que escorreguei e caí e tudo tão de repente, para proteger a garrafa apertei-a mais contra o peito e ela bateu numa pedra, e além da água da chuva e da lama dos carros a minha roupa agora também estava encharcada de conhaque, como um bêbado, fedendo, não beberíamos então, tentei sorrir, com cuidado, o lábio inferior quase imóvel, escondendo o caco do dente, e pensei na lama que ele limparia terno, porque era a mim que ele chamava, porque era a mim que ele escolhia, porque era para mim e só para mim que ele abriria a sua porta. Chovia sempre e eu custei para conseguir me levantar daquela poça de lama, chegava num ponto, eu voltava ao ponto, em que era necessário um esforço muito grande, era preciso um esforço tão terrível que precisei sorrir mais sozinho e inventar mais um pouco, aquecendo meu segredo, e dei alguns passos, mas como se faz? me perguntei, como se faz isso de colocar um pé após o outro, equilibrando a cabeça sobre os ombros, mantendo ereta a coluna vertebral, desaprendia,não era quase nada, eu, mantido apenas por aquele fio invisível ligado à minha cabeça, agora tão próximo que se quisesse eu poderia imaginar alguma coisa como um zumbido eletrônico saindo da cabeça dele até chegar na minha, mas como se faz? eu reaprendia e inventava sempre, sempre em direção a ele, para chegar inteiro, os pedaços de mim todos misturados que ele disporia sem pressa, como quem brinca com um quebra-cabeça para formar que castelo, que bosque, que verme ou deus, eu não sabia, mas ia indo pela chuva porque esse era meu único sentido, meu único destino: bater naquela porta escura onde eu batia agora.
E bati, e bati outra vez, e tornei a bater, e continuei batendo sem me importar que as pessoas na rua parassem para olhar, eu quis chamá-lo, mas tinha esquecido seu nome, se é que alguma vez o soube, se é que ele o teve um dia, talvez eu tivesse febre, tudo ficara muito confuso, idéias misturadas, tremores, água de chuva e lama e conhaque no meu corpo sujo gasto exausto batendo feito louco naquela porta que não abria, era tudo um engano, eu continuava batendo e continuava chovendo sem parar, mas eu não ia mais indo por dentro da chuva, pelo meio da cidade, eu só estava parado naquela porta fazia muito tempo, depois do ponto, tão escuro agora que eu não conseguiria nunca mais encontrar o caminho de volta, nem tentar outra coisa, outra ação, outro gesto além de continuar batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo nesta porta que não abre nunca.

(Caio Fernando Abreu)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A menina e a mulher


Convivem : Não se amam e praticamente não se detestam . Pode-se dizer que na maioria das vezes a solução é ignorar . A mulher finge que não vê a menina fofocar e provocar na sua frente , pra evitar confrontos , e a menina se diz adulta e madura ao falar o que pensa na sua cara porque aliás , em sua cabeça diz que o certo é xingar de todos os palavrões possíveis olhando fixamente a quem quer ofender , esperando que a veja . Esperando ser notada . Querendo uma resposta de toda aquela birra , mas não se engane menina , ela não vai lhe responder . A mulher sente um tanto de remorso e culpa por ter que permanecer perto de alguém tão incompleta . Ela não liga pra você , pro que faz , pro que quer e tampouco pro que diz essa sua meninice .

Espere que ela vá bater o pé até conseguir o que quer , espere tudo dela . Meninas são assim , previsíveis . Desconhecedoras de conversas bacanas com conteúdo , falam da vida alheia como se quisessem vivê-las . Algum dia a mulher irá escutar uma frase , palavras de gente madura saindo da boca de meninas , mas elas não saberão pronunciá-las novamente . Se torna habitué de chantagens emocionais, sexo como resolução de todos os problemas, e pedidos com sua vozinha infantil aceitos, assim que feitos. É uma correndo enquanto a outra engatinha. A que luta e quem apenas - diz que - sonha .

A garota se deslumbra com carro, status, e dinheiro, a mulher já conhece o estigma dessas futilidades todas: passageiro .Mulheres estão atrás de caráter; meninas, ascensão social. Meninas checam insistentemente o celular; mulheres, o jornal. Mulheres e a saborosa degustação de uma bebida moderada junto a um prato delicioso de comida. Meninas e o pensamento anoréxico de não precisar se alimentar direito "que saúde nem é tão importante assim, mas magreza, sim". Mulheres sempre vão querer mais , ir além . Meninas contentaram-se com a mesmice . Mulheres estarão crescendo todo dia mais , enquanto meninas farão de conta que cresceram primeiro que elas , vão querer viver como mulheres , agir , falar , ser . Outras, de tanto se focar na cópia, demoram a realmente serem especiais e íntegras damas. Mas quem disse que elas conseguem e querem ser elas mesmas ?

O caso da receita da vida


Diariamente eu chego a simples conclusão de que a vida é tão maravilhosa porque também é feita de colos, de feridas que cicatrizam, de amigos que celebram ou choram junto, de gente que pega ônibus ou faz caminhadas ao ar livre , de pessoas que preferem o dia do que a noite , gente que só quer curtir e viver o agora ou quer casar e só pensar no futuro , viver somente do passado ou do presente ou do futuro , ou não viver .

E a vida só é a vida por isso , pelas milhões de escolhas que fazemos todos os dias , da cor da roupa ao pedido de noivado , se quer continuar , se quer mudar , se quer parar , se quer ser levado a serio , se prefere mentir ou falar a verdade , se quer deixar ser amado ou viver em exclusão , se sonha em ser livre ou ser dependente pro resto da vida , se é agora ou nunca , se quer pular , dançar , correr , festejar , arrumar ; e todos os outros miliares de verbos que você ajuda a conjulgar todo dia quando acorda e olha no espelho seu reflexo e de tudo que você fez até agora , e quer se perguntar "Quem sou eu" e as vezes tem medo da resposta , da pergunta mais frequente e importante que você tem que fazer até ir aonde quer chegar , mas nem todos tentam ou não querem saber , o medo faz parte da vida , e principalmente das nossas escolhas , o medo não tem como conjulgar verbalmente como todos os outros , mas tem como escolher "Eu quero continuar com esse sentimento?" , "Quero livrar-me ou viver preso a ele?" .

Mas o que nem todos sabem , é que o medo não é todo esse peso que carrega em seu nome , as pessoas o fazem . O medo é um dos sentimentos mais fracos que existem , e vem cá , medo é sentimento ? Ou é só o medo ? Logo você deixa de tê-lo quando sai na rua e vê que há uma força bem maior , uma que cuida e protege e abraça toda sua fraqueza para que ela vire a força que faltava pra libertar-se a si mesmo . Agora abra a janela e veja que tudo é força , é energia boa , e são escolhas , e isso tudo sempre será mais forte e capaz de passar por cima de qualquer coisa ruim que venha a lhe acontecer , aliás , você sempre terá Aquele que nunca lhe deixará cair e você só precisa , acreditar .

Encaixou , moço


Aquele moço, desde sempre, tinha um jeito especial de me fazer sorrir; de me conduzir ao seu encontro toda vez que eu, ainda sufocada com aquele velho nó na garganta, afundava. Um jeito especial de fazer eu ver que aquilo tava errado , não poderia ser assim . Eu tava errada em guardar aquele nó todo aquele tempo , sem dizer a ninguem o seu motivo , mais errada ainda em não querer ajuda e continuar tão orgulhosa , e eu era assim e sempre fui , mas os abraços dele , talvez tenham me tirado todos aqueles defeitos que eu sempre quis ver bem longe de mim , e atrapalhava e me escondia e me empurrava e não deixava eu ver que tinha que mudar , e que eu afastei as pessoas de mim , por isso . Eu mudei e tive que mudar para não perder mais um , que agora já passara de um artigo indefinido . Agora eu tava certa de que valia deixar ajudar , era certo entregar-me de braços abertos , se fosse preciso pra ver longe o que me incomodava e ter bem perto a minha conquista . Agora é definitivo , é nós moço.